Suicídio de jovem forçada a casar com seu estuprador gera revolta e
protestos
Amina Al Filali, usou veneno de rato para tirar a própria vida após ter
sido obrigada a casar com o homem que a violentou e que, desde a união
permanente, a agredia fisicamente. Um juiz determinou que Amina casasse com o
estuprador, no qual esteve por cinco meses. Pela lei do Marrocos, o crime
de estupro é punido com 10 anos de prisão, chegando a 20 se a vítima for menor
de idade.
“O
artigo 475 é constrangedor para a imagem internacional de modernidade e
democracia no Marrocos”, disse à BBC Fouzia Assouli, presidente da Liga
Democrática do Marrocos para os Direitos da Mulher. ”No Marrocos, a lei
protege a moralidade pública, mas não o indivíduo”, acrescentou Assouli.
Ela
afirma ainda que legislação proibindo todas as formas de violência contra as
mulheres, incluindo estupro dentro do casamento, está para ser implementada
desde 2006.
Ativistas
marroquinos intensificaram a pressão para derrubar a lei que permite que
estupradores casem com suas vítimas depois que que a menina cometeu suicídio.
Uma
petição online e uma manifestação prevista para este sábado (17) tratam da lei
como “constrangedora” para o país. Os ativistas querem a suspensão do
Artigo 475 da lei local que permite que estupradores escapem da prisão se eles
aceitarem “restaurar as virtudes” da vítima – ou seja, se se casarem com ela.
Deserdada
A
jornalista da BBC em Rabat, Nora Fakim, diz que em partes conservadoras do
Marrocos é inaceitável para uma mulher perder a virgindade antes do casamento —
e a desonra é dela e de sua família, mesmo que ela seja vitima de
estupro. Amina veio da pequena cidade de Larache, perto de Tânger, ao
norte do país.
A
idade legal do casamento em Marrocos é de 18 anos, salvo se houver
“circunstâncias especiais” — que é a razão pela qual Amina era casada, apesar
de ser menor de idade.
A
imprensa local diz que a menina queixou-se a sua família sobre maus tratos, mas
acabou deserdada, o que teria provocado o suicídio.
Testemunhas
afirmam que o marido ficou tão indignado quando Amina tomou o veneno que a
arrastou pelos cabelos pela rua — e ela morreu pouco depois.
Ativistas
estão pedindo que o juiz que permitiu o casamento e o estuprador sejam presos.
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