Filme “Prometheus” questiona o amor de Deus
Em
seu novo filme, Prometheus, o diretor Ridley Scott aborda a questão controversa
da origem humana. O diretor britânico ficou famoso após os sucessos de “Blade
Runner – O Caçador de Andróides” (1982) e “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979).
Em seu novo filme, que estreia
nesta sexta no Brasil, a protagonista Elizabeth Shaw (vivida por Noomi Rapace)
usa um crucifixo no pescoço. Perturbada pela morte do pai e sofrendo por causa
disso desde criança, em uma das cenas ela pergunta “Aonde as pessoas vão quando
morrem?”
Essa não é a única indagação de cunho espiritual no
longa-metragem. A nave espacial chamada Prometheus, que nomeia o filme, é uma
referência ao titã grego que roubou o poder de criar o fogo de Zeus
(maior divindade grega) e deu-o aos mortais. Sua traição foi severamente punida por Zeus,
que o condenou a passar toda a eternidade amarrado a uma rocha e a sofrer dores
inimagináveis, enquanto uma águia comia, todos os dias, o seu fígado que
crescia novamente no final do dia.
Elizabeth é, nas telas, tanto crente quanto cientista
(arqueóloga) e vai em busca de respostas sobre a
origem da humanidade. Ela e seus companheiros irão procurar isso no
espaço. Em última análise, o filme trata do desejo humano de procurar pelo
significado de sua própria existência. Mas o diretor Ridley Scott faz uma
reflexão bastante depreciativa sobre a natureza de Deus. O cerne do filme
é a possibilidade de que o Criador odeie as suas criaturas, e que descobrir
isso significaria nossa condenação eterna.
Durante uma entrevista para a revista Esquire, Scott
comentou sobre as perspectivas teológicas desse longa que mistura
horror e ficção, prometendo ser um
dos grandes lançamentos do ano. Pelo menos é um dos mais caros, ao
custo de 200 milhões de dólares.
“Sempre fui muito intrigado com essas questões eternas sobre
a criação, a crença e a fé… Isso está na cabeça de todo mundo”, afirma
Scott.
Perguntado se em Prometheus os criadores da
Humanidade, chamados de ”engenheiros”, são uma analogia para um Deus
hostil e mau, ele prefere não responder. Mas ele parece
sugerir que, se o Deus de Abraão existe, é um monstro sem moral.
A trama de ficção resiste à tentação de fazer uma acusação
direta contra o cristianismo. Porém, em duas cenas os diálogos questionam
as pessoas de fé. Numa delas, depois de muita violência, Elizabeth
recupera seu crucifixo, momentaneamente perdido, e o recoloca no pescoço.
Um dos seus companheiros a indaga: “Mesmo depois de tudo isso, você ainda
acredita? “.
Michael Fassbender dá vida a um andróide. Em certo momento
é indagado sobre o que aconteceria se não houvesse ninguém para
programá-lo. Ele supõe que estaria livre, sugerindo que os seres
humanos não podem ser totalmente livres enquanto crerem que há um Deus. .
Charlize Theron também participa do filme como a
comandante da nave, Meredith Vickerse. Em entrevista recente ela comentou que
“É muito ingênuo ou narcisístico pensar que somos as únicas coisas vivas no
universo”. Para ela, a pergunta principal do filme é: “De onde nós viemos? Quem
nós fez? Qual o sentido de tudo isto? E se você fosse conhecer seu criador ou
Deus e descobrisse que trata-se de um engano total?”.
No final de sua entrevista, Ridley Scott afirmou que não
gosta de nenhuma religião, mas que já está envolvido na pré-produção de um
filme religioso sobre a vida de Moisés, que segundo ele, tem uma “história
maravilhosa”.
Traduzido e adaptado de Christand Pop Culture e Esquire
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